ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

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ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, conferencista, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

VIRÁ ALGUMA COISA BOA DE CHICAGO?


Virá alguma coisa boa de Chicago?


Quando algum de nós menciona as origens do movimento rotário, sempre se reporta à violência da cidade de Chicago no ano de 1905, onde Paul Harris se sentia isolado, em meio à turbulência geral.

No capítulo intitulado “Virá alguma coisa boa de Chicago?”, do livro "Esta Era Rotária" (This Rotarian Age), escrito por Paul Harris em 1935, ele transmite com precisão uma visão panorâmica da cidade de Chicago, do fim do século dezenove e início do vinte.
 
Embora a máfia somente tivesse se organizado em Chicago a partir de 1910 e Al Capone tivesse imposto sua hegemonia entre 1925 e 1932, período da vigência da  lei seca americana, (1920 a 1933), a degradação era de tal ordem, a inversão valores e dos costumes sociais era tamanha, que nada de bom podia se esperar vindo daquela cidade, já no ano de 1905.


Vale a pena a ler e comparar com as megalópolis de hoje.

Transcrevemos a seguir, alguns trechos:

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“Chicago, após a guerra civil tornou-se um centro de grande progresso”.

“Homens fortes e resolutos de caráter diversos, reunidos no impulso comum de se enriquecer, dificilmente poderiam viver em paz.”

“O jogo desenfreado, as casas de tolerância e as tavernas foram os primeiros vícios. O crime e a corrupção política, chegaram antes mesmo da lei seca. As casas de bebida predominavam. Chicago era uma cidade anti-higiênica e desmantelada. Sem esgotos suficientes, os odores fétidos se espalhavam. O rio Chicago, lânguido e preguiçoso, recebia os esgotos, e os restos do matadouro, para lançá-los no lago, de onde a cidade recebia água-potável. Esse rio tortuoso e mal cheiroso em certas ocasiões incendiava-se com as pontas de cigarro que eram lançadas à sua superfície gordurosa. As impurezas lançadas no lago eram suficientes para poluir a água potável causando epidemias freqüentes de febre tifóide.”

 “Lutavam para conservar as posses aqueles que ainda as tinham e os que nada tinham lutavam a fim de obter o necessário para viver. Os aluguéis se atrasavam; os varejistas não pagavam suas dívidas, obrigando, deste modo, os atacadistas a faltarem com seus compromissos para com os manufatureiros.

Os tribunais abarrotavam-se de ações de apropriações indébitas, manutenções de posses, embargos, hipotecas vencidas, desembargos e arrestos."

“Chicago jamais poderá esquecer os dias posteriores à sua primeira Exposição Mundial. O espetáculo das portas fechadas dos hotéis, das pensões e das casas comerciais, bem como os anúncios numerosos de “Aluga-se” causavam uma impressão desolada”.

“O desemprego aumentou ao máximo. Ao término do século XIXX havia milhares de mendigos e a miséria era abundante”.

 “Os famintos precisavam comer, mas era necessário também que trabalhassem, porque a ociosidade gera todos os vícios”. “Os temporais de neve eram bem vindos, pois forneciam ocupações temporárias aos rejeitados e extraviados.”

“Abriram-se cozinhas para fornecimento de sopa aos famintos. Nas noites de inverno rigoroso eram abrigados na prefeitura milhares de homens, mulheres e crianças. A cadeia achava-se abarrotada daqueles que, para obterem abrigo, cometiam delitos propositadamente. Conseguir entrada na cadeia era mais difícil do que obter saída. Sentia-se feliz quem tivesse ordem de prisão decretada por seis meses. Nesta reversão aos costumes primitivos, os comerciantes até então criteriosos, abandonavam seus padrões de ética. O grito de solidariedade “servir acima de tudo” transformou-se em “Defenda-se quem puder”. Não havia organização que fosse capaz de enfrentar a corrupção vigente, senão a força espiritual do povo expressa na respeitável máxima da cidade de Chicago – EU VENCEREI”.

“Os dizeres “Virá alguma coisa boa de Chicago?  lançado pelos céticos, procuravam atingir o Rotary:

Rotary poderia de fato ter vindo à luz sob céus mais auspiciosos, num clima mais uniforme, numa cidade de maior harmonia. Mas, insistem seus amigos, não haveria pátria natal mais favorável para um movimento como o Rotary do que a paradoxal Chicago, onde se lutava sem tréguas em prol da retidão cívica”.

“Prevaleciam em outras partes os males que afligiam Chicago na primeira quadra do século vinte. Os negócios em geral não corriam bem. Com relação aos consumidores, aos concorrentes e aos empregados, a prática não estava de acordo com os princípios elevados da ética. Aplicava-se ao consumidor da doutrina “caveat emptor” (o comprador que se defenda).

A má vontade e a desconfiança do concorrente eram intensas e destrutivas.

Prejudicar um concorrente era prática geral. À doutrina “o comprador que se defenda”, poderia acrescentar-se: abaixo o concorrente!”

“As companhias de transporte fluvial foram suplantadas pelas estradas de ferro que reduziram os preços abaixo dos custos, voltando porém às tarifas habituais quando alcançavam o alvo de destruir os concorrentes”.

Na diretoria das estradas de ferro prevaleciam o desprezo pelos direitos do povo, expresso nos dizeres dos magnatas ferroviários: _“abaixo o público!”

Naqueles dias de opressão os empregados eram mal remunerados. Não passavam de um acessório para ser aproveitado ou descartado ao capricho do patrão.

O espírito de comunidade foi levado pela maré vazante.

Os milionários, não tendo objetivos altruístas, deixavam suas fortunas aos filhos que não estando habilitados a manter as responsabilidades relativas ao patrimônio, não tiravam dele nenhum proveito, nem beneficiavam as comunidades em que viviam. Esbanjavam a riqueza com vinho, mulheres e jogo.

Para o moço americano do século dezenove havia pouco a escolher: ou era o comércio ou a destruição. Os jovens ricos abriam os caminhos para a perdição.

Não existiam os programas que atualmente temos em benefício dos jovens e os pais negociantes, negligenciavam quanto ao ensino dos filhos. A idéia popular era que a disciplina doméstica era de responsabilidade das mães, exceto quando a força física fosse necessária. A palavra Mãe possuía um sentido profundo e precioso e a palavra Pai muitas vezes sugeria tirania e abuso injusto.

O dinheiro que facilitava aos chefes de indústria lançarem seus filhos pelo declive da perdição, foi arrancado de duas classes: do consumidor e do empregado, nenhuma das quais tinha organização, nem se achava preparada para defender os seus direitos.

No entanto, os comerciantes sem escrúpulo, os politiqueiros corruptos, os gerentes das casas de jogo, de casas de bebida e das tavernas, começavam a provocar reações de todas as partes.

A história de Chicago é mais do que uma história de crime e corrupção, é a história das vidas de homens e mulheres resolutos e inspirados pela fé:

Confrontando todas as ações más que de Chicago têm sido anunciadas para o mundo, há centenas de outras boas ações, reconhecidas e sem arautos. Como as águas de um rio que se encrespam ao vento, em ondas leves, assim o crime e a corrupção fazem distúrbios na vida de Chicago. A grande correnteza, porém, continua forte e tranqüila”.


“Rotary não terá motivos de se envergonhar da cidade de sua origem. Foi precedido por uma linhagem ilustre de movimentos patrióticos e idealistas, sustentados, com entusiasmo e resolução; não poderia haver ocasião mais oportuna do que o começo do século vinte para início de um movimento como o do Rotary, nem poderia haver cidade melhor aparelhada do que a forte, agressiva e paradoxal Chicago, na qual ele se nutrisse e recebesse sentido e direção.

Que o espírito de Chicago expresso pelo lema “EU VENCEREI” responda, com as palavras de Daniel Burnham, arquiteto da Primeira Exposição Mundial de Chicago e projetista da bela cidade de Chicago:



“Não faças pequenos planos; eles não possuem a magia para revolucionar o sangue dos homens e, provavelmente não se realizarão. Faças grandes planos; coloques alvo elevado, na esperança e no trabalho, lembrando-te de que um ideal nobre que seja lógico, uma vez registrado, não morrerá; porém muito depois quando deixarmos de existir, será imortal, confirmando-se com intensidade sempre crescente. Lembra-te de que as gerações futuras farão coisas maravilhosas. Seja o teu lema a ordem e o teu fanal a beleza.”

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Podemos imaginar a resposta à pergunta “Virá alguma coisa boa de Chicago?”. Ela pula das entrelinhas, ressalta à nossa vista, clara e límpida, ressoa aos nossos ouvidos como uma premonição sentida por Paul Harris em 1905, quando reuniu seus três amigos e fundou o Rotary:

 

_“Virá alguma coisa boa de Chicago?”

_ SIM, VIRÁ. VIRÁ UM MOVIMENTO QUE MUDARÁ A VIDA DE MUITA GENTE.

_COMEÇARÁ COMO UMA PEQUENA CÉLULA, CRESCERÁ, SE MULTIPLICARÁ EM MILHARES DE OUTRAS, SE ESPALHARÁ PELO MUNDO. SUA MISSÃO É LUTAR PELA ÉTICA, PROPAGAR A PAZ, FAZER O BEM, DEFENDER A NATUREZA. SEU NOME É ROTARY, SUA FORÇA SÃO OS ROTARIANOS, SEU ALVO É A HUMANIDADE.
 
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segunda-feira, 10 de setembro de 2012

AO PÉ DO MARCO ROTÁRIO


 


Alberto Bittencourt
Out 2007

 
 Visitamos o marco rotário do nosso querido Rotary Club do Recife-Boa Viagem. Obra de arte, projeto do renomado artista plástico, Alex Mont’Elberto, filho do nosso saudoso companheiro José Júlio Fernandes, um trabalho de grande beleza que projeta o nome do Rotary, uma referência para todos os que chegam ao bairro de Boa Viagem, onde se concentram os melhores e maiores hotéis da cidade. Fica situado numa praça, na confluência de duas importantes artérias, a av. Domingos Ferreira e a rua Barão de Souza Leão, no caminho do aeroporto.
Ali, na praça, moram cerca de quinze menores de rua. Ao perceberem a comitiva, alguns se aproximaram para pedir esmolas. Fiz questão de reuni-los ao pé do marco rotário para uma foto. Serviria, pensei, para motivar os companheiros, conscientizá-los do muito que precisa ser feito. Crianças sempre gostam de posar para fotografias. Os que abertamente cheiravam cola de sapateiro, já escolados, diplomados nas escolas das ruas, esconderam atrás de si os vasilhames e garrafas. São meninos e meninas, as idades variando de 12 a 16 anos. Vivem na praça, se abrigam sob as marquises. A menor, Vitória, olhos azuis, rosto sardento, bonitinha, doce, carente de afeto, tão frágil e pequenina, não sabe ler nem escrever. Disse morar em Carpina, cidade a 60 quilômetros do Recife. Veio sozinha, fugiu de casa, de um padastro que a agredia, que batia, segundo afirmou. Não quer voltar. Prefere atender ao apelo do asfalto. Para ela, a insegurança das ruas é o lugar mais seguro.
Mandei ampliar a foto, fiz um cartaz colorido, levei para o clube, apresentei aos companheiros, com um apelo patético, sob o título: “Ao pé do marco rotário”. Na hora ficaram todos motivados, em seguida, caiu no esquecimento.

Helena e eu adquirimos a firme convicção de que dar esmolas nas ruas é prejudicial. A criança fica sujeita à violência de todo tipo, à exploração dos adultos e dos meninos maiores. Nos encontros rotários sobre Novas Gerações sugerimos a campanha:

_ Que o Rotary encha a cidade de outdoors com os dizeres: “não dê esmolas nas ruas, lugar de criança é na escola”.

Somos todos reféns daquelas crianças que crescerão levando no coração a chaga da revolta, da violência, do desamor, da ignorância, do abandono, do descaso. Crescerão à margem dos valores humanos, dos valores espirituais. Jamais compreenderão o significado da Palavra Divina: “Amar a Deus sobre todas as coisas” e “Amar ao Próximo como a si mesmo”.  Hoje são as Novas Gerações, amanhã serão as Gerações Perdidas. É uma pena. Segundo as estatísticas, metade dessas crianças não completará 24 anos de idade. Sucumbirão antes, vítimas de nossa própria omissão e da incompetência dos governos. Tragédia!

 

   


 

 

 

CONHECENDO VITÓRIA, ES


CONHECENDO   VITÓRIA,  ES

Alberto Bittencourt
(Do meu diário, em 08set12)

No sábado, dia 8 de setembro, eu e Helena demos uma fugida do XXXV Instituto Rotary Brasil e contratamos um tour pela cidade de Vitória que, para nós, a partir da vista do nosso hotel, já se prenunciava magnífica.

A van nos apanhou, após o almoço, no hotel Bristol. Saímos na companhia de outros turistas, para percorrer os principais pontos da capital do Estado do Espírito Santo.

Passamos pela costa, com suas belíssimas praias de calçadões ajardinados, ciclovias e quadras esportivas, barraquinhas de coco e prédios residenciais de luxo. Circulamos pelo centro antigo, muito bem preservado, vimos a imponente catedral e o palácio do governo estadual, uma construção do século XIX que se estendia por todo o quarteirão em frente à praça da catedral. De lá, avistamos o porto, com alguns navios acostados e muitos esperando vez, ao largo. Por trás do cais podíamos ver o extenso terminal de carga e descarga de minério de ferro vindo de Minas Gerais por ferrovia. De lá o minério  embarca em navios cargueiros para exportação.  Pudemos divisar, ao longo da costa, as muitas plataformas extratoras de petróleo que geravam grande movimento de navios petroleiros.

Paramos no varejo da fábrica de Bombons Garoto, um imenso galpão cujas gôndolas e prateleiras estavam repletas de chocolates, de todos os tipos e qualidades. Em pouco tempo, com tanta coisa gostosa ao nosso dispor, enchemos duas cestinhas de compras, pensando nas festas e aniversários que se aproximavam. Na parte de trás do varejo ficava a fábrica, que se unia por passarela a uma outra edificação, do lado oposto da rua, provavelmente onde se encontravam o refeitório e os vestiários. De longe víamos os operários saindo para o almoço. Iam rindo e brincando, na passarela suspensa por sobre a rua até o refeitório. Transmitiam uma impressão de higiene e assepsia, todos usavam toucas, luvas e aventais sobre as vestes.

O próximo destino foi o Convento da Penha. Uma edificação antiga, datada do século XVI, composta de igreja e convento, construídos no ponto mais alto de um morro arborizado e encimado por uma enorme formação rochosa. Seu fundador foi Frei Pedro Palácios, vindo da cidade de Salamanca, terra da avó da Helena, na Espanha. Dali desfrutamos uma magnífica visão em 360°. De um dos lados, podíamos ver a cidade de Vila Velha, com praias e ilhas lindíssimas e modernos edifícios que de pronto nos encantou. No sopé da elevação podíamos ver, ladeando o Convento da Penha, dois quartéis: a 3ª Brigada de Infantaria e um destacamento do Corpo de Fuzileiros Navais.  

Como é bom conhecermos lugares novos! Somos sempre surpreendidos pela beleza e diversidade de paisagens neste nosso imenso Brasil.