ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal
ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, conferencista, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

ASSOCIAÇÃO PARA RESTAURAÇÃO DO HOMEM


 

Recife, 20 de agosto de 2012 



Núbia Mesquita e Alberto Bittencourt

ARH_ Associação para Restauração do Homem
Espaço da Criança







Conheci a ARH - Associação para a Restauração do Homem em 1998. Na ocasião eu era presidente da Subcomissão Distrital de Subsídios da Fundação Rotária, encarregada de coordenar todos os projetos dos Rotary Clubs do Distrito 4.500 financiados pela Fundação Rotária.

Certa manhã, em meu escritório profissional, recebi a visita de duas pessoas interessadas em desenvolver com o Rotary, um projeto para benefício de uma instituição, cujo nome fantasia era “Espaço da Criança”, situada no bairro da Boa Vista. Eram elas Núbia Mesquita, advogada e professora, dona do curso de idiomas Target, na época cursando mestrado em Ciências Políticas e a americana Starla Joy, missionária evangélica.

O “Espaço da Criança” fora fundado em 1991 pela sra. Abigail Mesquita, mãe de Núbia, dando realidade a um sonho: construir um abrigo para as crianças desamparadas das ruas do Recife, especialmente aquelas recolhidas pela Justiça, fornecendo-lhes, além de um teto, alimentação adequada, vestuário, complemento escolar e, sobretudo, muito carinho e amor. Além desses pequenos albergados, a instituição cuidava também de crianças cujas mães precisavam trabalhar, preenchendo o outro expediente, fora da escola municipal, com atividades culturais e reforço escolar. Nessa época, abrigava 150 (cento e cinquenta) crianças, com idades de 06 aos 18 (dezoito) anos.

Núbia e Starla tinham ouvido falar que o Rotary desenvolvia projetos com o intuito de ajudar creches, escolas, hospitais, comunidades, e outras instituições que lidavam com as camadas mais carentes da sociedade e foram bater à minha porta. Elas já sabiam que os projetos, para receberem a contribuição da Fundação Rotária, necessitavam, além do patrocínio de um Rotary Club local, da parceria com outro Rotary Club do exterior, o que seria garantido pelos contatos que Starla, mantinha nos Estados Unidos.                

Após visitar a creche e constatar a seriedade e o alcance do trabalho que realizavam, optei por encaminhar o projeto a um dos Rotary Clubs da cidade do Recife, pois o meu já estava comprometido com outros três projetos. Infelizmente, os parceiros indicados por Starla, não deram seguimento e o projeto permaneceu longo tempo engavetado.

Alguns anos após este primeiro contato, Núbia se inscreveu através de meu clube e foi selecionada para participar de um importante programa da Fundação Rotária do Rotary International, denominado IGE – Intercâmbio de Grupos de Estudos. Era o ano de 2003, quando Núbia e mais três profissionais foram Embaixadores da Boa Vontade, no Distrito 1130 da Inglaterra, recebendo uma bolsa com duração de um mês tendo por líder do grupo o companheiro rotariano Múcio Souto, do Rotary Club do Recife.

Poucos anos depois, nosso Distrito de Rotary International recebeu a visita de outro grupo do IGE, enviado pelo Distrito 6.000 do estado de IOWA, nos Estados Unidos. Núbia, já era rotariana de meu clube, minha afilhada, tendo exercido a presidência no ano rotário 2007-2008. Uma das programações dos americanos foi levá-los à creche de Núbia, para apreciarem os trabalhos e atividades das crianças. Nessa altura a instituição deixara de ser abrigo, para ser apenas creche. As crianças não mais eram albergadas, apenas passavam o dia.  O grupo visitante ficou tão encantado que o líder Rotariano, Lynn R. Hicks, do Rotary Club of Des Moines, se comprometeu a participar de um projeto de Subsídios Equivalentes da Fundação Rotária, o MG 71.955, doando materiais e equipamentos para aparelhar a cozinha e o refeitório, no valor correspondente a US$ 18.970.

Posteriormente, Núbia integrou um outro grupo de IGE, desta vez como líder rotariana. Comandou uma equipe de quatro profissionais para um intercâmbio com a Holanda, no Distrito 1610. Os contatos que realizou nessa viagem resultaram em diversos intercâmbios entre holandeses e brasileiros do nosso clube. Recursos vieram da Holanda, para o “Espaço da Criança”; foi feito um intercâmbio da amizade, com a vinda de casais holandeses, recebidos por rotarianos do Boa Viagem e, ainda, tomou corpo um novo projeto, a partir de um encontro de Núbia com um ex participante do intercâmbio de jovens, chamado Sander den Hartog. Como estudante do ensino médio, Sander havia morado durante um ano no Recife, e ficara muito impressionado com a grande dificuldade dos estudantes de escolas públicas em conseguir aprovação nos vestibulares para as universidades públicas. De volta à Holanda, bem jovem ainda, criou uma ONG para financiar reforço escolar e estudo de jovens carentes no Brasil, em turmas montadas especialmente para prestar exames vestibulares. O Rotary Boa Viagem, sob a presidência de Núbia, selecionou 35 alunos dentre as escolas estaduais do bairro de Boa Viagem e Pina. Foi feito então um contrato entre esta ONG holandesa, denominada Equal Education (Educação Igual), o Colégio Contato e o Rotary Club do Recife-Boa Viagem para que, através de um projeto de Subsídios Equivalentes da Fundação Rotária, tendo como parceiros os clubes rotários: Rotary Club do Recife-Boa Viagem e Rotary Club de Hulst da Holanda, no valor de US$ 30.000 para custeio dos estudos, por dois anos. O projeto recebeu o nome de Equal Education e recebeu da Fundação Rotária o número de MG 68.505/2009. O RC Recife-Boa Viagem obteve também a participação do SESI e da ABCC - Associação Beneficente Criança Cidadã, conseguindo financiar material didático, passagem e merenda para esses alunos. O sucesso foi total com a aprovação de mais da metade dos alunos, matriculados que foram em cursos superiores das universidades públicas.

Com a ajuda de voluntários, doadores do Brasil e do exterior, com apoio de profissionais competentes como os arquitetos Sondja Beirão, Francisco Buarque e Francisco Elihimas, os engenheiros Ilo Borba e Ildica Gonçalves, Alberto e Helena Bittencourt; Vera Magalhães e a Associação das Mulheres Internacionais do Recife; Consulado do Japão no Recife; Kraft Alimentos; ONG Viver Bem; Construtora Rio Ave e muitos outros, bem como de toda uma equipe de funcionários e colaboradores, muito afinada, a ARH – Associação para Restauração do Homem - está agora concretizando um sonho ... o sonho da sede própria, a ser inaugurada no dia 18 de setembro de 2012.

Para nós, rotarianos é muito importante o apoio a instituições como o Espaço da Criança, que acolhe e tira as crianças das ruas, do ambiente deturpado pela miséria em que vivem, vítimas da exploração e da violência, do abandono.

Por razões profissionais, Núbia não mais integra o Rotary, mas pedimos a Deus que a proteja e lhe dê saúde e forças para continuar esta grande obra – O “Espaço da Criança”, agora, de casa nova.

Visite o site do Espaço da Criança:

http://www.espacocrianca-arh.net.br/historico.php


 

 


PROJETO EDUCAÇÃO IGUAL


                  Recife, PE, fevereiro de 2010

Em 1995, o jovem holandês Sander den Hartog, veio estudar por um ano no Brasil. Participava de um programa do Rotary International denominado Intercâmbio de Jovens, que envia jovens com menos de 18 anos, de um país a outro.

Vindo de um país mais adiantado, Sander conheceu a realidade brasileira. Morou no Recife em casa de família, estudou em colégio particular, praticou esportes, frequentou festas, como qualquer outro jovem da classe média. Entretanto, de espírito inquieto, logo se sensibilizou com o sacrifício das gerações mais pobres. Não entendia por que os alunos das escolas públicas, não conseguiam ingressar nas Universidades Federais, gratuitas, únicas ao alcance de suas condições.

O impacto do inctercâmbio foi tão grande a ponto de provocar profundo crescimento espiritual em Sander. De volta ao seu país, reconhecido, quis devolver ao Brasil uma parte dos benefícios aqui recebidos. Reuniu quatro amigos e criou a Fundação Educação Igual (Stichting Equal Education). Em seu casamento, no ano 2004, pediu aos convidados que não lhe dessem presentes, mas dinheiro para começar o projeto. O resultado foi surpreendente, segundo relatou.

A Fundação Educação Igual, fundada na Holanda, tem o objetivo de proporcionar a estudantes brasileiros do ensino público, condições de prestarem vestibular para Universidades Federais, em igualdade de condições com os alunos das escolas particulares.

Numa prova de que nada acontece por acaso, em 2007, a então presidente eleita do Rotary Club do Recife-Boa Viagem, Núbia Mesquita, ao participar como líder de outro importante programa do Rotary, o Intercâmbio de Grupos de Estudos, reuniu-se, em Amsterdã, Holanda, com Sander e esposa Viola para  o planejamento inicial do projeto.

O encontro resultou num convênio firmado entre o Rotary Club do Recife-Boa Viagem e a Fundação Educação Igual. Ficou acordado que o Rotary entraria com um terço dos recursos necessários, enquanto a fundação holandesa aportaria os outros dois terços.

Os rotarianos fizeram o planejamento, levantamento das necessidades, e orçamento do projeto. Os alunos selecionados receberiam aulas em um curso especializado, material escolar, alimentação e auxílio transporte. 

Os rotarianos do RC Boa Viagem seriam conselheiros, um para cada aluno, com a responsabilidade de monitorar o aproveitamento escolar, verificar as necessidades individuais, procurar soluções, acompanhá-los passo a passo.

Em novembro de 2007, os rotarianos selecionaram um grupo de 35 alunos da terceira série dos Colégios Estaduais Assis Chateaubriand em Brasília Teimosa e Santos Dumont em Boa Viagem.

Nova parceria foi firmada a seguir, com o Colégio e Curso Contato, uma escola particular, especializada, com mais de trinta anos de experiência na área de cursinhos, e os mais conceituados professores do Recife.

As áreas escolhidas pelos alunos para prestar vestibular foram Medicina, Ciências Contábeis, Administração, Física, Matemática, Química, Engenharia.

Foi então resolvido que, para melhor preparar os alunos, seria necessário criar um novo formato de ensino, em turma fechada e com professores escolhidos. O primeiro ano, (2008) foi dedicado a reforçar e complementar o programa escolar que, em várias áreas, estava muito aquém do nível exigido nas provas do vestibular. Neste segundo ano, (2009), os alunos se integraram ao ensino preparatório, regularmente ministrado pelo Colégio e Curso Contato, com mais três escolas Púbicas integrando a parceria – a Escola Brigadeiro Eduardo Gomes, a escola Prof. Fernando Mota e o Centro de Ensino Experimental Cícero Dias.

Para provimento dos recursos de responsabilidade do Rotary em 2009, o Rotary Club do Recife-Boa Viagem e o Rotary Club de Hulst, Holanda, aprovaram na Fundação Rotária do Rotary International o Projeto de Subsídios Equivalentes número MG 68505.

Há, ainda, outros parceiros, não menos importantes, como o SESI-PE e a ABCC- Associação Beneficente Criança  Cidadã, além do patrocínio de várias empresas locais.

Este é um projeto da maior relevância. Dá para sentir a esperança no coração daqueles jovens, ver o brilho nos seus olhos quando, com a voz embargada pela emoção e alegria afirmam que este é o maior presente que já receberam, que tudo farão por merecer, que não vão desapontar nem desperdiçar a oportunidade.

O resultado foi excelente. 18 participantes foram aprovados em Universidades Federais, numa prova de que, com seriedade, dedicação e empenho, o jovem de escola pública pode chegar lá.
VOCÊ SABIA QUE...

- O Rotary Club do Recife – Boa Viagem é o coordenador e principal patrocinador do PROJETO EQUAL EDUCATION – EDUCAÇÃO IGUAL que, em 2008-09, preparou 35 estudantes das escolas públicas Assis Chateaubriand e Santos Dumond, em Boa Viagem, para prestar vestibular em faculdades, neste fim de ano, nos campos de medicina, química, engenharia, direito, matemática, administração, economia, entre outros?
- Que, para financiar esse projeto, o Rotary Club do Recife – Boa Viagem estabeleceu parcerias importantes com a Fundação Rotária do Rotary International; com a Fundação Equal Education, criada na Holanda por um ex intercambista e estudante do Rotary, chamado Dan Hartog; com o Rotary Club de Hulst, na Holanda; com o Colégio e Curso Contato; com a Associação Beneficente Criança Cidadã; com o SESI-PE?
- Que foram aplicados recursos da ordem de R$ 100.00,00 no projeto?
- Que as despesas custeadas pelo projeto incluem o pagamento do curso, com supervisão e avaliação permanentes, acompanhamento do rendimento, aulas de reforço, material escolar, fornecimento de camisa padrão, merenda escolar, vale transporte e o pagamento da inscrição para os exames vestibulares.

   - Que, dos 35 estudantes de escolas públicas, matriculados no projeto Equal Eucation, 18 foram aprovados nos concursos vestibulares da Universidade Federal de Pernambuco no ano de 2009?


segunda-feira, 20 de agosto de 2012

REGONNE






Fortaleza, domingo, 11 de março de 2012.





De 8 a 11 de março de 2012, realizou-se em Fortaleza, CE, a Regonne - Reunião dos Governadores do Norte e Nordeste do Brasil - evento  do qual participam  governadores dos cinco distritos rotários que integram as regiões Norte e Nordeste do Brasil, a saber: D4550, D4390, D4500, D4490 e D4720. O encontro reuniu os governadores atuais, eleitos e indicados, além dos ex-governadores e governadores assistentes.

Convocados pelo diretor de RI José Antonio Antiorio, a reunião teve cerca de 100 participantes. Do meu Distrito 4.500, compareceram dez governadores: o ex-diretor de RI Mário Antonino, Reinaldo Oliveira, Luís Mário Calheiros, Aldanira Barreto, Tereza Neuma, Kleber Toscano, Sebastião Rabello, Carneiro Braga, o atual Governador Vandique Coutinho e eu.

Num aprazível hotel resort nas proximidades da capital, sob a  organização do ex-governador e coordenador da Fundação Rotária, Henrique Vasconcelos, tivemos a apresentação de vários painéis e a realização de diversos workshops. As novidades, entretanto, foram poucas. No quadro associativo, falou-se muito no redistritamento que, ao que tudo indica, não ocorrerá no Brasil. Os governadores reclamaram muito da política do Rotary que, num determinado momento mandou subdividir os Distritos em outros menores e agora manda fundir os distritos que não alcançarem o patamar mínimo de 1.200 sócios até 30 de junho do corrente ano. Sobre isso, foi destaque o trabalho do atual Governador do D.4720, no Norte do Brasil, que aumentou significativamente o quadro associativo, a despeito da enorme extensão territorial. Como consequência, foi bastante enfatizada, para o quadro associativo, a necessidade de fazer com que os clubes alcancem o número mínimo de 25 sócios, bem como tentar ou buscar formas de atrair os jovens, sem deixar de focar também os maiores de 50 anos e aumentar a participação das mulheres, coisas repassadas há anos, mas que precisam ser sempre enfatizadas para que os rotarianos não esqueçam que o Desenvolvimento do Quadro Associativo é meta prioritária para o futuro do Rotary.

Quanto a isso, não existem fórmulas mágicas. No Brasil, somos atualmente 57 mil sócios, mas nossos clubes são pequenos. Somos o 5º lugar no mundo em número de sócios e 3º (alguém já falou até em 2º) em número de clubes. Se não chegarmos a 70.000, não teremos um Diretor permanente no board do Rotary International. O mandato de diretor é de dois anos. Atualmente, são 6 anos de Diretor brasileiro, para 2 anos de Diretor da América Latina.  Assim, tivemos três diretores de RI brasileiros – Hallage (2007-2009), Temístocles (2009-2011) e Antiório (2011-2013), seguidos por Celia Giay, da Argentina, em 2013-2015. O próximo ciclo de três diretores brasileiros, inicia a partir de 01 de julho de 2015.

Outro assunto bastante abordado foi a Erradicação da Pólio no mundo e o que precisa ser feito nesta reta final. Falou-se bastante da Imagem Pública associando-se a erradicação da Pólio ao nome do Rotary. Foi dito inclusive, que o nome de Bill Gates está hoje mais na mídia, no que se refere à Pólio, do que o nome do Rotary.

Foram realizadas importantes apresentações pelos diretores Antiório, Mário Antonino e Petroni. Mais uma vez tivemos uma brilhante atuação do diretor Gerson Gonçalves, cujas palestras sempre fazem a diferença. O ex-governador do D.4420, José Luiz Fonseca fez uma explanação sobre a ABTRF - Associação Brasileira da The Rotary Foundation = com dados atualizados sobre o desempenho dos programas Empresa Cidadã e Seguro Solidário.

De um modo geral, os ensinamentos e mensagens foram valiosos e inspiradores. Tivemos depoimentos importantes, como por exemplo, o do governador Arno Voigt do D.4720 que venceu o desafio do redistritamento e o da gov. Marly Aprígio do D. 4390, que encantou a plateia por sua maneira espontânea e positiva de falar, entre outros.

Sei que é fácil falar depois do fato consumando. O difícil é planejar e organizar, mas não me furto a dar minha opinião sincera no sentido de colaborar para os próximos eventos.

Embora o elenco de assuntos abrangesse múltiplos aspectos da vida rotária, eu gostaria que houvesse uma maior ênfase na parte mais prática da vida dos clubes. Faltou ir ao encontro da verdadeira ânsia de presidentes e governadores, que me perguntam como fazer, por exemplo, para aumentar o comprometimento dos companheiros. Faltou o debate de como fazer as comissões dos clubes funcionarem, ou como motivar os companheiros entre outras coisas para a frequência e a recuperação, hoje relegadas a segundo plano. Faltou discutir propostas para o programa de clubes piloto, entre eles, "inovação e flexibilidade", do qual os dois únicos clubes pilotos do Brasil estão no nordeste - o RC Bahia e o RC Recife-Boa Viagem, meu clube e que até agora não deslancharam, talvez por falta de apoio e interesse geral.

Nunca o Rotary inovou tanto quanto nos últimos 15 anos e são inúmeros os programas experimentais em curso, entre eles o PLANO VISÃO DO FUTURO.

A REGONNE trouxe uma nova informação: a participação financeira do parceiro internacional nos Subsídios Globais, tem que ser, a partir de agora, de no mínimo 30%. O meu distrito, D.4500, tem um projeto de Subsídio Global em andamento, o SG# 25434, tendo recebido U$ 100,000 da FR, no qual os parceiros internacionais, D.1970  e o RC Leça do Balio, Portugal, entraram com um total de U$ 5000, ou seja, apenas 5% do valor do projeto.   Tenho conhecimento de que alguns distritos pilotos do Brasil fizeram projetos casados com distritos pilotos da América do Sul, como maneira de viabilizar a parceria internacional. Faltou também a apresentação de uma lista dos projetos de Subsídios Globais já aprovados pela FR, em andamento no Brasil. Tudo isso merecia ser discutido melhor.

Outra coisa. A contribuição financeira dos distritos para a FR, divulgada nas estatísticas, inclui as doações vinculadas a projetos. É a quantia que apenas tramita pela FR sendo imediatamente devolvida para aplicação nos projetos, gerando despesas financeiras para a FR. Isso mascara o montante doado, pois inclui uma doação que na realidade é para um projeto e não para a FR. É a minha opinião. O tempo não deu para entrar nesses meandros.

Aqui vai uma opinião pessoal: acho que a prata da casa deveria ter sido mais explorada. Ficamos muito felizes com a participação de três ex-diretores, além do diretor atual, mas os governadores do Norte e Nordeste, atuais e ex, poderiam ter sido mais valorizados nas apresentações do encontro.

O que nós queremos é discutir a realidade local, as nossas dificuldades, nos diversos campos.  Não somos os mais ricos, pelo contrário, mas é do norte-nordeste o maior distrito do Brasil em número de sócios e de clubes e o maior distrito do Brasil em extensão territorial.







     

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

AEROPORTO



Capítulo I

Novembro de 2006

Multidões desoladas vagueiam a esmo pelos saguões dos nossos aeroportos. Aqui, como nas mais importantes cidades do Brasil, humildes e anônimos trazem o semblante desesperado das buscas inúteis, das esperanças diluídas nas intermináveis esperas, dos instantes sempre adiados, das inúmeras desculpas, da hora que não chega. Rostos crispados, tensos, refletem angústia e sofrimento. A lua de mel termina no aeroporto. O estresse volta a tomar conta do casal, após uma semana de encantamento e beleza. O que se vê são reclamações, choros, revoltas, inconformados todos com esta situação. Aqui e ali se instala uma discussão. Gritos, pressão, paixão. As horas passam a fio e nós, no saguão. Horas infindas, noites insones, não há acomodações e nem mesmo podemos nos afastar para um lanche, uma refeição mais tranquila, ou para uma higienização, um banho tão sonhado. Deixar a bagagem só? nem pensar!

Cadê o amor? Onde foi parar a solidariedade?

Só há falta de informação. A ninguém é dado conhecer a resposta.

Até quando? _ Eis a questão. O que está havendo? _ Ninguém parece saber.

O caos, o descalabro assolam os setores públicos do país. Onde está o Brasil de ontem, alegre e tranquilo? O aeroporto virou o retrato da bagunça geral que a acomete o país. No caos, a explosão. Após a explosão o recomeço.

Este país tem jeito? _ Só se começar tudo de novo.

Só agora se soube: a situação já vinha crítica de longa data, aviões quase se chocaram em várias ocasiões. Foi preciso um grave acidente para fazer aparecer a realidade, nua e crua. O que fora considerado o meio de transporte mais seguro, mostrou sua natureza frágil e humana, fruto de um país que não sabe para onde vai e, principalmente _ como vai e aonde quer chegar. Um país que marcha no mesmo lugar há mais de 25 anos, sempre repetindo a mesma história, a velha incompetência do Serviço Público. Pobres de nós, brasileiros, sem eira nem beira, pobre república, que velha ou nova, nunca funciona. Humildes e anônimos, nada somos, pobres de nós que dependemos deste “serviço público”: de escolas, de hospitais, de moradias populares, de segurança.

Ai de ti, viajante de segunda categoria, teu destino é sofrer! Pobre nação dos humilhados, dos sem tudo, dos sem nada.

Amanhã será outro dia! _ Mas esse amanhã nunca chega. Brasil do eterno amanhã.

O irascível homem de negócios perdeu importante reunião.

O congressista não conseguiu chegar a tempo para ministrar sua conferência.

O transplante não pode ser realizado, pois o órgão ficou retido um tempo superior ao que poderia suportar.

A intolerância passou a ser a palavra de ordem, resposta humana ao caos. Só esta palavra define melhor a situação: DESCALABRO.

Descalabro na crise que não acaba, descalabro governamental, não apenas no transporte aéreo, descalabro nas rodovias enxovalhadas, atrapalhadas, ultrapassadas. Descalabro no transporte ferroviário, inexistente, ineficiente, obsoleto. descalabro nas escolas públicas, na saúde, nos hospitais. Descalabro nas contas dos governos licenciosos e corruptos.

Descalabro, não só governamental, mas descalabro institucional _ Eis a questão!



Capítulo  II

26 de dezembro de 2006



Nem bem termina uma crise, já lá vem outra!

                Mais uma vez as autoridades dizem que agora sim, já fizeram o papel que lhes cabia, cumprindo tudo o que foi pedido, tudo lhes foi dado. Todas as medidas foram pouco a pouco implantadas. A situação entre os controladores de vôo, se normalizou, afirma o governo.

Mas, novamente as filas tornam a dar voltas. Cinco, seis horas na fila do check-in, em meio a corpos exaustos dormindo sobre suas bagagens, novamente as brigas, raivosas ameaças, dedos em riste, rostos crispados. Todos têm razão e ninguém tem razão.

Sabotagem, dizem as autoridades. Alguém danificou a placa do computador que controla os vôos. Assim, novamente o desespero toma conta de todos os cantos do aeroporto. Um sargento, aos prantos, confessa publicamente que, por desconhecimento, colocou uma placa com a polaridade invertida no controlador, reinstalando o caos. Se antes o motivo fora uma operação-padrão, ou greve tartaruga, realizada pelos controladores de voo, sob a ameaça de serem responsabilizados pela colisão de duas aeronaves, agora foi o despreparo de um militar, deslocado às pressas para assumir uma função, sem o devido treinamento.

Sanada a causa do problema, tudo bem agora?

Que nada, novamente o caos, as filas, as longas e intermináveis esperas, os atrasos e suspensões de vôos. O que foi agora? O mau tempo em São Paulo causou a paralisação de vôos, o tempo fechado no sul impediu os aviões de decolarem e outros de aterrissarem. Mas o sol voltou a brilhar e a crise continua... Pane nos aviões da TAM, paralisação de seis unidades para manutenção preventiva. O que aconteceu? Milhares de passageiros com bilhetes na mão, com lugares marcados, não conseguem embarcar. A crise agora está no sistema de reservas e emissão de bilhetes da companhia, o overbooking, uma prática usada por companhias aéreas e agências de viagem, que a TAM é useira e vezeira em adotar – significa a venda de mais bilhetes do que a capacidade dos aviões, um número muito acima do razoável, daquele que compensaria o NO SHOW, isto é, o não comparecimento na hora do embarque. 10%? Nada, isso poderia ser considerado normal, de fácil controle. Mas o overbooking chega a mais de 100% por aeronave. Como pode? Que descalabro é esse, meu Deus?

Que o governo seja ineficiente - já se sabe, infelizmente é o esperado! Que o tempo não colabore - é obra do destino, mas que a causa esteja na incompetência de uma empresa privada, cujo fim é o transporte de passageiros, que precisa gerenciar corretamente a venda de bilhetes, é surreal, inacreditável mesmo! A causa deste status quo é sem dúvida o paternalismo governamental, um vício cultivado há anos, dede os tempos da PANAIR, quando o governo se habituou a socorrer seguidamente empresas deficitárias na aviação particular. Desta vez não foi diferente, foram cinco os aviões da FAB deslocados para levar mais de três mil passageiros da TAM a seus destinos, para aliviar a pressão. Mesmo assim, nem esse esforço foi suficiente, as filas continuaram, os atrasos persistiram e, para culminar, surge um novo e gravíssimo problema: o extravio de bagagens, muitas, bem mais de mil. Os aviões da FAB não podiam se responsabilizar por elas, por isso não as transportaram. Foi assim: o passageiro embarca e a mala fica ou a bagagem vai e o passageiro não. Alegaram que as aeronaves militares não suportariam o excesso de peso, são pequenas e só com os passageiros já atingiam o limite. Como brasileiro é uma raça à parte, gente muito descontraída e desprevenida, confiantes no acaso, muitos viajam com bagagem sem identificação e veio daí o novo caos, passageiros a ligar, desesperados atrás de seus pertences. Nada se resolve e a crise continua. Culpam-se os controladores pela greve, o mau tempo pela falta de teto, a empresa aérea pelo overbooking e de quem é mesmo a culpa?  O francês diria, num caso de crime insolúvel, cherchez la femme, pois eles colocam sempre, a causa última de tudo, na mulher! Aqui, foi mesmo a inércia do governo, sua falta de visão, o despreparo do partido governamental que coloca gente despreparada na chefia de pastas importantíssimas e propositadamente resolveram deixar interesses escusos prevalecerem. E assim, deixaram a VARIG quebrar. Uma empresa com 89 anos de existência, reconhecida mundialmente pela qualidade dos serviços prestados. E com isso, perderam os brasileiros e, por mais incrível que pareça, perdeu também o Brasil que, como sócio, já havia investido muito capital na companhia.

Deixaram a VARIG quebrar e vem daí mais crise. Filas, intermináveis esperas, passageiros a implorar favor de outras companhias para que aceitassem o endosso do bilhete.

Qual seria a solução?

A meu ver, o governo deveria ter encampado a VARIG, nomeado um interventor para sanear a empresa, ter injetado recursos e se tornado seu maior credor. Mais tarde, resolvido o impasse e com a companhia fortalecida, promoveria então a licitação para a venda da empresa sadia, limpa e pujante, saindo ele mesmo, fortalecido pela opinião pública e com seu caixa reforçado. E tudo isso teria sido evitado. 

Governo incompetente, repleto de lobistas e aproveitadores, completamente irresponsável e inconfiável, precisou que a colisão, o desastre com vítimas trouxesse a tona essa verdade.

Falta de investimentos? Contingenciamento de recursos para a infraestrutura aeroportuária?

MENTIRA! Vejam a fortuna que foi gasta na construção e reforma da maior parte dos aeroportos do país. No Recife, por exemplo, foram abandonadas as antigas e obsoletas instalações para ser construído um novo prédio, moderno, com todos os requisitos de um aeroporto de primeiro mundo. Porque se investiu tanto dinheiro, implicando inclusive na construção de novos acessos com viadutos e linhas viárias e nada ou quase nada foi investido na modernização dos sistemas de controle de vôo, em recursos humanos, em qualificação profissional e formação de operadores e controladores?

Não. Investimento em pessoal e em melhoria técnica não traz retorno, não aparece! 

Pelo contrário, os recursos foram contingenciados quando se tratava de investimento no que não dava margem à retorno para os cofres do partido ou para o bolso dos ordenadores de despesas. Quando se trata de obra pública, quando as somas empenhadas são astronômicas, quando se tem a conivência de uma empreiteira para receber e depois pagar o “toco”, então a verba é fácil e abundante. Uma vergonha!

Resultado: um sistema de controle de vôo fragilizado, saturado, que não tem a menor condição de suportar o aumento do tráfego aéreo, vulnerável ao mais simples engano. Temos ainda hoje o mesmo sistema de gestão dos primórdios da aviação civil do Brasil, com operadores e gestores militares. O governo não parou para estudar a melhor forma de gestão, se deve permanecer militar, se deve ser civil, se deve ser terceirizado, operado por empresas privadas, escolhidas através de licitação pública, ou mesmo por empresas de capital misto. Ninguém sabe ainda qual o modelo a adotar. A aeronáutica não quer abrir mão da gestão, se apóia na premissa de que militar não faz greve, que obedece ao mais sagrado dos princípios militares: a hierarquia.

Há de todos os modelos nos demais países do mundo. Na Alemanha o sistema é terceirizado. Nos Estados Unidos a administração dos portos e aeroportos é gerenciado pela engenharia militar. Aqui, ninguém se entende. A área, por ser considerada militar, é subordinada ao Ministério da Defesa, cujo Ministro é sempre o último a saber das coisas. Em suas declarações, não diz coisa com coisa, mostra uma total desinformação. Dá aos sargentos o tratamento de operários sindicalizados o que fere frontalmente o princípio da hierarquia militar. O resultado é esta sucessão de crises que presenciamos. E, quem sofre é o povo, a classe média mal tratada, empobrecida. Resolveram agora que o sistema, que é centralizado em Brasília e controla 70% dos vôos do país, precisa ser descentralizado e levado para outras capitais e, não apenas isso, mas também deve ser multiplicado, por razões de segurança. É o chamado SINDATA. Caso o sistema de Brasília entre em colapso, por exemplo, imediatamente o de São Paulo assume, ou o de outra capital. Tal alteração demandará alguns anos para sua implantação. Mas, falar é fácil, o difícil é fazer. Enquanto isto, homens e mulheres, jovens e velhos, mães com bebês ao colo, estudantes, crianças, turistas, empresários, homens de negócio, padecem todos nas filas, nos saguões, nas salas de espera dos aeroportos de todo o Brasil.                   



Capítulo III

27 de dezembro de 2006

Os jornais de maiores circulações deram  o furo: nenhum dos aviões da TAM foi colocado em manutenção preventiva. O que aconteceu foi que ela desviou seis das aeronaves de sua frota para um frete milionário. Isso explica tudo! Realmente aquela desculpa de manutenção preventiva de tantas aeronaves era difícil de  engolir. Manutenção preventiva é desejável, necessária mesmo, mas nunca em período de tanta demanda, quando 100% da frota precisa necessariamente estar em funcionamento. Uma desculpa completamente sem cabimento, daquelas de quem acha que qualquer desculpa serve para um público tão pacato ! Ledo engano!

A TAM usou e abusou do overbooking, vendendo até mais de 100% do número de acentos disponíveis, tudo isso em nome do NO SHOW, isto é, passageiros que não comparecem ao check-in e não recebem nenhuma punição por isto. Em qualquer lugar do mundo esta prática seria crime de estelionato, pois quem vende o que não tem está praticando estelionato. Só quem já passou por isso pode saber o constrangimento de chegar no balcão para o check-in, bilhetes na mão, dentro do horário, ou seja, uma hora antes e receber a notícia de que o voo está lotado e você sobrou. Foi o que se deu conosco, no aeroporto de Recife, voltando de Petrolina, às 15 horas, e com um compromisso inadiável em Natal, marcado para às dezoito horas daquele mesmo dia. Estava tudo certo, pegaríamos uma conexão. Precisaríamos estar em Natal para a festa de transmissão do cargo de Governador do Distrito 4.500 de RI para meu sucessor. Toda a cerimônia havia sido programada com muita antecedência, pois receberíamos a visita de inúmeros rotarianos de diversas cidades dos três estados: Pernambuco, Paraíba  e Rio Grande do Norte. E pior: não haveria nenhum outro vôo, mesmo em outras companhias que fizesse o percurso ao nosso destino neste intervalo de tempo.

Impasses como esse aconteceram um cem número de vezes sem que houvesse sansão governamental, alguma punição.

Como chegamos a uma situação como essa?

Hoje somos reféns de políticos inescrupulosos, que vêm enganando um povo sem cultura, sem educação, habituado a receber esmolas para se sustentar pois, propositadamente, nossos governos não têm a menor vontade de instruí-lo ou educá-lo para não perder o poder sobre essa população facilmente manipulável.

 

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segunda-feira, 13 de agosto de 2012

INCOMPATIBILIDADE FATAL




         janeiro, 2005



Após termos visitado os 92 Rotary Clubs do Distrito 4500 no segundo semestre de 2004, ano essencialmente político, chegamos à conclusão, eu e Helena, que a filosofia do Rotary  de ser apolítico como instituição, é um princípio ético que não pode mudar.

Nesse período eleitoral, percorremos alguns clubes desagregados, divididos, perdidos.

Vimos clubes que suspenderam todas as atividades meses antes do pleito e que, somente por um milagre conseguiram retomar, posteriormente. O que restou foram escombros. Restos recompostos do que antes fora um pujante Rotary Club

Encontramos clubes que nunca mais se recuperaram.  Perderam-se definitivamente para o trabalho rotário.

Há o caso daquele tesoureiro de clube que se candidatou a vereador da pequena cidade, sem ter se desvinculado das funções rotárias. Perdeu a eleição e o clube perdeu o companheiro, as finanças, talões de cheques e documentos. Até hoje chora a ética esquecida.

E pior. Quando outro presidente de clube candidatou-se a prefeito, escreveu-se a crônica da morte anunciada. Havia companheiros candidatos a vereadores. O presidente não se elegeu, gastou o que podia e o que não podia. Botou a culpa nos rotarianos, divididos, que não o apoiaram. “Rotary? Perda de tempo, gasto inútil de dinheiro que não tenho mais. Não quero nem saber.” E os companheiros, desagregados, perderam a fé e a esperança. Nunca mais se reuniram.

Quando a campanha política permeia o clube, quando rotarianos levam para reuniões rotárias suas preferências partidárias, a divisão se instala. Desinstala-se a unidade, o companheirismo, a harmonia. A filosofia do Rotary é incompatível com os ânimos acirrados  das campanhas eleitorais, principalmente no interior do nordeste

E por que isso ocorre? Simplesmente porque o que move os homens, o instinto mais forte, é a disputa pelo PODER. É da natureza humana. Todos querem sentir o gosto do poder, ter um poder cada vez maior, se lambuzar de poder e de autoridade.

Aí está a grande diferença: Em Rotary, ninguém tem poder ninguém tem autoridade. O que nós temos em Rotary, são diferentes níveis de responsabilidade, disse-nos Jonatham Magyiabe, ex presidente de RI.

Mas não é apenas isso. Há muitas outras diferenças.

Um rotariano não pode ter inimigos, nem adversários. O rotariano é amigo e companheiro de todos, indistintamente. Já ao contrário, todo candidato político, seja ele de bom ou mau caráter, é uma usina de desafetos. São as pessoas interessadas em derrubá-lo, em usurpar fatia de seu poder, em não deixar que cresça. São “amigos” que muitas vezes agem, em surdina, sem se mostrarem, sem aparecerem, sem se declararem como tal.

Além disso, o rotariano vivencia a prestação de serviço voluntário, o trabalho desinteressado em favor do próximo. Já o candidato político visa o interesse próprio, arranjar votos, aliciar novos eleitores.

O rotariano prega e pratica sempre a verdade, como um código de ética, em tudo o que pensa, diz e faz. O candidato tem a palavra fácil para prometer o que nem sempre pode cumprir. Em princípio, não se norteia pela Prova Quádrupla, quando coloca a verdade ao sabor dos interesses eleitoreiros. Como dizia Roberto Campos: “Em política o que importa não é o fato, mas a versão”.

O rotariano valoriza o trabalho em equipe e para tanto organiza-se em comissões, em grupos de trabalho. O candidato político articula-se conforme os interesses do momento. São as famosas alianças políticas. Os que ontem eram inimigos, adversários ferrenhos, de um dia para o outro passam a ser confrades, amigos íntimos, sinceros correligionários.

Pelo dito, estou mais do que convicto que, se alguém, em algum clube de Rotary, tiver a pretensão de concorrer a qualquer cargo político, deve se desvincular do clube na época da campanha eleitoral.

Não quer dizer que, fora do período eleitoral, o político eleito, consagrado por seus ideais, não possa ser sócio de um Rotary Club. Conhecemos homens públicos, políticos, em nosso distrito, que são excelentes e exemplares rotarianos.






terça-feira, 7 de agosto de 2012

SE EU PUDESSE REINVENTAR MINHA VIDA



Reflexões. Re-pensando sábios pensamentos



 “Somente na velhice nos reencontramos com a infância, com a nossa infância.”

                                                                                                   Rubem Alves



Minhas reflexões
Sobre os pensamentos de:


T. S. Eliot:

“E ao final de nossas longas explorações, chegamos finalmente ao lugar de onde partimos e o conheceremos então pela primeira vez...”

“Para isto caminhamos a vida inteira: para chegar ao lugar de onde partimos. E, quando chegamos, é a surpresa. É como se nunca o tivéssemos visto.”

“Li que na antiga tradição samurai,   quando um guerreiro recebia a ordem de cometer o suicídio ritual, chamado sepuku, antes do gesto final ele deveria escrever um haicai.

Haicais são poemas mínimos nos quais a condensação poética é levada ao seu grau máximo.

A morte exige brevidade de palavras porque o tempo é curto. E sendo curto o tempo, as palavras devem dizer o essencial.”



Estou completando setenta anos.

O tempo é curto. É preciso aprender a escrever haicais. É preciso dizer o essencial.



Guimarães Rosa:

“Poesia é magia, é feitiçaria.”



Feiticeiro é aquele que diz uma palavra e, pelo puro poder da palavra, o dito acontece.
Deus é o feiticeiro-mor: falou e o Universo foi criado.

Os poetas são aprendizes de feiticeiro.
Ensinar, esclarecer, interpretar, são coisas da razão, não vêem dos poetas. 



Rilke:

“Quem assim nos fascinou, para que tivéssemos esse olhar de despedida em tudo o que fazemos?”



As crianças ficam felizes com pouca coisa. Não precisam dizer o nome dos deuses. Nem elas o sabem. O sagrado aparece sem nome, no capim, nos pássaros, nos riachos, na chuva, nas árvores, nas nuvens, nos animais. Isso lhes dá alegria, como no Paraíso. No Paraíso não havia templos.

                  Por esta razão Jesus disse que era preciso que nos tornássemos crianças de novo para ver o Paraíso espalhado sobre a Terra.



Alberto Caeiro:

“As crianças são de novo nascidas a cada momento para a eterna novidade do mundo: mundo sempre novo, diferente, surpreendente, fantástico, assombroso, incrível, desafiante.”

“Decifra-me ou te devoro!” E as crianças, como Édipo diante do desafio da Esfinge, se põem a decifrar o mundo.




Você ajuntou muitas coisas.

Para quem ficará tudo o que acumulaste?
Se forem bens e dinheiro, a resposta é fácil. Cada pessoa tem um tesouro que é único, só seu.
No meu tesouro há uma quantidade enorme de coisas absolutamente inúteis, que não têm nenhum valor de mercado. Livros usados, CDs, quadros, fotografias, cartas.  ... Memórias.

Memórias são também objetos que acumulamos. Ficam guardadas no nosso tesouro.
Faxina nas memórias que nos fazem sofrer. Quando eu morrer, minhas memórias vão se perder.
Quando escrevo, luto contra a morte.

O que a gente acumula faz parte da gente. O acumular é uma ilusão, não é possível acumular coisa alguma.  

Criança é isto: desejo de prazer, corpo entregue ao brinquedo, atividade que é um fim em si mesma,  pela pura alegria que produz.

O Poder só tem sentido para uns, se produzir objetos de prazer.



Robert Frost:

“Os bosques são belos, sombrios, fundos.

Mas há muitas milhas a andar

E muitas promessas a guardar,

Antes de se poder dormir,
Sim, antes de se poder dormir.”

“Por favor, na minha ausência, não se esqueça de regar a minha planta.”



Aquilo que realmente desejo dar para meus filhos, não pode ser dado. É coisa que só pode ser semeada, na esperança de que venha a crescer.

O Testamento é o que restou depois de feitas todas as somas e subtrações. É aquilo que passa às mãos dos que continuarão a viver depois de nós, com um pedido:



Ravel:

“Há tantas músicas a serem escritas.”  



Acrescento: Há tantos poemas a serem lidos! 

Entrando na memória, eu vôo para o passado. Escrevendo as minhas memórias, eu levo outros a voar comigo.

Sonhar é uma forma de viver. 

As crianças verdadeiramente ficam felizes por pouco, pouca coisa, pois possuem o poder mágico de transformar o que é nada em algo que é muito. Pelo poder da imaginação, um cabo de vassoura se transforma num cavalo e uma caixa de sapatos vazia amarrada a um barbante, é um carrinho.
Sejamos como as crianças, saibamos transformar o nada em maravilhas. 




Henri Bosco:

“Eu retinha, com uma memória imaginária, toda uma infância que ainda não conhecia e que, no entanto, reconhecia.”

Imaginação – Aquilo que nunca foi.





Fernando Pessoa:

“Quando te vi, amei-te já muito antes.”

Tornei a achar-te quando te encontrei.

Sim, meu amor por ti já estava em mim,

Antes que te conhecesse.

Então eu te conhecia sem o saber!

Agora, que te encontrei, re-conheci o rosto que já amava sem saber.
Tu, minha amada, já existias em mim

Desde antes do começo dos mundos!”


Os apaixonados felizes não podem produzir literatura por não estarem diante do vazio.
Estão diante do pleno.

Literatura e poesia são palavras que colocamos no vazio. O vazio que se instaura após o pleno, quando fica a saudade.



Heráclito:

“Tudo flui, nada permanece.

Tudo é rio, águas que passam e não voltam mais.”


Juventude é como aquelas barcas que navegavam o São Francisco, subindo e descendo o rio. Vai muita gente junta, tudo é festa, apreciam as mesmas músicas , todos dizem as mesmas coisas, todos dançam, todos se abraçam.
Velhice é quando mandamos construir a canoa, e nos vemos sozinhos a remar, não por vontade, mas por precisão: já não se entende o que o outro fala, já não se ri das mesmas graças, vamos ficando para trás...



Cecília Meirelles:

“Sou e não sou no que estou sendo.
Todo ser é um permanente deixar de ser.”



Se você quiser descobrir segredos, preste atenção nas coisas pequenas, aquelas coisas que ninguém nota, é nelas que se revelam os segredos.

Não existe nada mais comovente do que uma criança adormecida, ela emana silêncio e tranqüilidade.
Na manjedoura dorme uma criança.

Somos todos nós, pois dorme em nós o pequeno Deus.
A literatura carrega em si os poderes de Deus, pois ela faz existir coisas que nunca existiriam e chama as coisas que não são, como se o fossem.
A literatura nos permite viajar por dentro, sem sair do lugar.



Manoel de Barros: (Rude poeta do Pantanal)

“Tem mais presença em mim do que me falta.

Plantei árvores, tive filhos, tenho muitos amigos e, sobretudo, gosto de brincar.
Que mais posso desejar?

Se eu pudesse viver a minha vida novamente, eu a viveria como a vivi, porque estou feliz aonde estou.”




               É isso aí.